Resenha #DLdoTigre: Nu, de botas (Antonio Prata)

FEVEREIRO (LIVRO 2) – TEMA: DIVERTIDO

Já tinha lido uma ou outra crônica do Antonio Prata em páginas de jornais na internet, mas não conhecia nenhuma obra sua até ano passado quando estive na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), em julho, e comprei um livro dele lá : Nu, de botas! E concluída agora a leitura, posso afirmar que não me arrependi.

Nu, de botas

São crônicas divertidíssimas que perpassam vários momentos (reais e/ou inventados) da infância do autor, na cidade de São Paulo. Num dos episódios, ele se esconde por horas depois de estragar a parede da garagem com uma faca, e só reaparece com a possibilidade real da mãe chamar a polícia para dar fim de seu sumiço, a criança pensou. O que se passou pela cabeça do menino e que fez com que ele desistisse da decisão de permanecer escondido por anos, é uma amostra das cenas divertidas que são desenhadas ao longo da narrativa:

“Eu conhecia a polícia pela TV: eles tinham cachorros treinados, lanternas, óculos para enxergar no escuro, era evidente que me encontrariam ali, depois achariam a faca enterrada no jardim, me poriam algemas e me levariam para a cadeia. Melhor me entregar antes que chegassem. Dizer que estava dormindo no lavabo, isso, que eu adorava dormir naquele cantinho, bem fresco, que não tinha ouvido ninguém me chamar. Quanto à parede da garagem: que que tem? Deixa eu ver… Nossa, que que foi isso?! Será que foi um gato, com as unhas? Um gato grande consegue, ué, ou dois gatos, um em cima do outro, saiba que eles fazem isso quando querem arranhar mais alto? Fazem sim, eu juro, eu já vil mil vezes! – Mãe?”

São outras situações tão ricas de humor quanto essa, e narradas como vistos pelos olhos da criança, mas com a perspicácia do narrador de hoje.
Vale muito a pena!

——–
Resenhado para o Desafio Literário do Tigre 2015 #DLdoTigre.

Resenha #DLdoTigre: Hora de Alimentar Serpentes (Marina Colasanti)

FEVEREIRO (LIVRO 1) – TEMA: PARA LER ANTES DE DORMIR

Apesar do título soar um pouco assustador, ler antes de dormir Hora de alimentar serpentes não causa nenhum tipo de pesadelo. O único problema com essa leitura (se é que se pode chamar assim) é que ela com certeza vai nos roubar o sono! Marina Colasanti é uma escritora como poucas! Há muitos anos, sou uma admiradora de sua produção literária, pela forma encantadora como ela relata o cotidiano, transformando a realidade em fantasia e vice-versa. O livro foi lançado em 2013, e o meu exemplar foi adquirido na última edição da Feira do Livro de São Luís (2014), oportunidade em que a Marina Colasanti palestrava e pode me brindar com o autógrafo.

Hora de alimentar serpentes. (Marina Colasanti, Editora Global. 2013.)

Hora de alimentar serpentes. (Marina Colasanti, Editora Global. 2013.)

Hora de alimentar serpentes é composto de minicontos que nos apresentam imagens mitológicas, referências a outras obras da cultura universal, ironia e um humor reflexivo. São relatos curtos, mas de profunda densidade nas sensações que provocam acerca inesperado que pode marcar as relações humanas. Como a passagem a seguir que fecha uma das narrativas: “A locomotiva está presa aos trilhos, pensou dobrando com cuidado a camiseta, a alma não.” As 206 histórias são ideais para ocupar a mesa de cabeceira e povoar o imaginário antes de desligarmos do mundo real. São como as presas vivas que servem de alimento às serpentes, que as abocanham para triturar e digeri-las aos poucos.
O livro é simplesmente mágico!

Para conhecer um pouco mais da maravilha que é a obra literária de Marina Colasanti, sugiro uma visita no site da autora(http://www.marinacolasanti.com).

————-
Resenhado para o Desafio Literário do Tigre 2015 #DLdoTigre.